O coordenador da ação evangelizadora da Arquidiocese de Maringá, padre Sidney Fabril, apresenta 10 questionamentos para ajudar na reflexão a respeito do debate sobre o número de vereadores na cidade de Maringá.

  1. Por que o Poder Legislativo está sendo tão atacado? Só nele está a corrupção? Não há corrupção no mesmo nível ou até pior nos outros poderes? Por que não há mobilização dos mesmos órgãos para cobrar uma postura mais ética do Executivo e do Judiciário também?
  2. Atacar tão fortemente o Legislativo não cria o perigo de enfraquecer a democracia, uma vez que o equilíbrio dos poderes é que a garante?
  3. Se o Executivo tem uma base aliada na Câmara de vereadores e essa base vota os projetos do mesmo, a responsabilidade pela falta de qualidade do Legislativo não é também do Executivo? Por que isso não é cobrado do Executivo também?
  4. Se o orçamento previsto para a Câmara de vereadores é de 5% da receita tributária do município e ela tem gasto pouco mais de 3%, principalmente por causa do controle social, porque a campanha contra o aumento do número de vereadores foca o problema somente como algo que custará mais no aspecto financeiro?
  5. Se o orçamento para o CODEM (Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá) é de 2% e este órgão representa somente um segmento ligado ao empresariado, não é justo que a Câmara de Vereadores, que deveria representar toda a população, tenha um orçamento de pelo menos mais de 2% ou que o do CODEM fosse menor?
  6. Se o gasto do Executivo com propaganda pode chegar a 5% do orçamento (no primeiro semestre deste ano já foram gastos R$ 2,5 milhões, R$ 14 mil reais por dia, R$ 600 reais por hora), porque ainda não foi feita nenhuma campanha dos mesmos órgãos pela economia de boa parte desse dinheiro público?
  7. Se o número de vereadores continuar o mesmo ou aumentar, o Poder Legislativo não vai continuar existindo? Por que então não fazer uma campanha fortemente voltada para que a população valorize o Poder Legislativo, escolha melhor os seus vereadores e acompanhe melhor o seu mandato, em vez de ficar martelando sua imagem negativa a ponto de quase querer eliminá-lo?
  8. Será que o único interesse dos órgãos e coordenadores da campanha pela manutenção do número de vereadores, representantes do grande poder econômico local, é o da preocupação com o dinheiro público? Eles não têm nenhum interesse próprio? Eles nunca buscam vantagens para si e não tentam consegui-las através de qualquer poder?
  9. Se nós eleitores reclamamos tanto dos políticos e eles vão continuar existindo, não seria a hora de nos tornarmos cidadãos conscientes, deixando de ser analfabetos políticos?
  10. Se qualidade é mais importante que quantidade, não é verdade também que quanto mais quantidade com qualidade é melhor ainda?

Pe. Sidney Fabril
Coordenador Arquidiocesano da Ação Evangelizadora